O que dizer sobre a minha Orientadora e Amiga,
Profa. Regina Leite Garcia?
Ou melhor, o que escolher para dizer entre tudo o
que vivi com a minha Grande Mestra?
Opto por fazer jus àquilo que ela me ensinou:
“Quando tiver com dificuldades de escrever, comece com a narrativa do já
vivido” (cotidiano-visceral).
Então… Seguindo o que a Mestra ensinou…
Lembro-me do dia em que fomos à favela da Rocinha
para uma roda de conversas com as crecheiras da localidade. O encontro era no
“pico” do morro, na localidade denominada Rua Um. Mais especificamente na
Creche da Dona Elísia, uma matriarca na Educação Infantil da Rocinha. Para
subirmos até lá, em virtude do caótico trânsito da favela, provoquei a
velhinha:
__ “Vamos de mototaxi?”
Ela olhou fixamente para o menino que guiaria a
moto e me respondeu, já passando a perna para tentar subir na moto:
__“Vamos!”
Confesso que nessa hora eu é que “amarelei” e
disse:
__“Não, não, minha Querida! Você é um patrimônio da
Educação Brasileira e está aqui sob a minha responsabilidade, não vou assumir
esse risco, não”.
Para quem conheceu a Regina, sabe que nesse momento
ela ficou muito irritada e falou pra cacete no meu ouvido. No final, subimos de
kombi mesmo.
Essa breve narrativa ilustra bem a virtude
que mais consolidou o meu respeito e a admiração por essa
professora-pesquisadora-intelectual-militante: a Coragem.
Coragem de assumir, por exemplo, a Tese da
Professora-Pesquisadora, mesmo tendo de pagar um preço alto ao enfrentar muitas
reações retrógradas dos sacerdotes do cientificismo eurocêntrico, defensores da
colonialidade do ser/saber/fazer, que sempre habitaram a universidade pública
brasileira.
Coragem para BANCAR uma transformação nessa/dessa
estrutura com a entrada de intelectuais viscerais oriundos das favelas; do MST;
do Movimento LGBT; dos Movimentos Negros; e, sobretudo, as
professoras-alfabetizadoras-pesquisadoras-intelectuais lotadas nas escolas
públicas, como orientandxs. Isso não apenas com o intuito de
denunciar o desperdício de experiências e conhecimentos, mas, sobretudo, por
acreditar e pôr em movimento a prática de que um OUTRO MUNDO É POSSÍVEL!
Mais uma vez, MUITO OBRIGADO,
EDUCADORAORIENTADORAPROFESSORA REGINA LEITE GARCIA!!!
Rodrigo Torquato da Silva
Prof. Adjunto do IEAR-UFF