terça-feira, 1 de outubro de 2013

Greve: uma contribuição para a formação pluridimensional dos/das professores/as




Profº Drº Rodrigo Torquato da Silva - IEAR/UFF
 Artigo publicado no Jornal de Niterói, nº 41

Em recente trabalho (disponível em: http://alfavelapesquisa.blogspot.com.br), eu e a professora Luciana Pires/SME-Duque de Caxias, apresentamos uma perspectiva teórica que denominamos de pluridimensionalidade da formação de professores.
São elas:

1- a dimensão técnica e metodológica, que diz respeito aos fazeres e às práticas alfabetizadoras, principalmente em relação ao objeto específico da escrita, do domínio dos códigos e da dinâmica de codificação e decodificação;

2- a dimensão política e social, que diz respeito à consciência de classe, do sentido de luta e pertencimento a uma categoria. É nessa dimensão que devemos nos compreender como seres coletivos. Isso nos faz procurar os princípios e não apenas os instrumentos. A presente dimensão nos leva ao diálogo e a conhecer as experiências existenciais e as questões da vida das crianças das classes populares; por fim,

3- a dimensão teórico-epistemológica, que diz respeito ao campo das ideias e das teorias com as quais dialogamos ou procuramos dialogar a partir das questões presentes em nosso cotidiano.

Entendemos que essa pluridimensionalidade não é simplesmente um universo de dimensões sobrepostas, mas zonas de contato e contágio que permite operar nas faixas de criação a partir das dimensões políticas, epistemológicas e técnicas. Com isso, defendemos a importância da greve como momento de formação coletiva que se faz formação continuada para além da dimensão política, pois configura um momento de interlocução intergeracional, entre novos professores(as) e antigos(as), numa troca não somente de conteúdos específicos, contidos nas pautas reivindicatórias, mas, fundamentalmente,  numa construção dialógica de temáticas que estão presentes nos cotidianos escolares.

Tais trocas, possibilitam a elaboração de um conjunto de “respostas” viáveis aos dilemas políticos e administrativos que emperram os fluxos das suas práticas pedagógicas nas escolas onde estão lotados.  Ou seja, a greve  é um momento muito importante não somente de luta política histórica, por uma digna remuneração, o que impacta diretamente na melhoria dos processos de ensino e aprendizagens, mas é, também, a construção de um espaço coletivo de formação pluridimensional dos professores/as da Rede. Portanto, é salutar para a formação dos professores e para a própria Rede Municipal de Ensino que os professores decidam com autonomia e no tempo do esgotamento natural dos debates, pelo fim, ou não, dos seus  processos de greve.

Acesse a edição original de publicação do artigo: 

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