Profº
Drº Rodrigo Torquato da Silva - IEAR/UFF
Artigo publicado no Jornal de Niterói, nº 41
Em
recente trabalho (disponível em: http://alfavelapesquisa.blogspot.com.br), eu e
a professora Luciana Pires/SME-Duque de Caxias, apresentamos uma perspectiva
teórica que denominamos de pluridimensionalidade da formação de professores.
São elas:
1- a
dimensão técnica e metodológica, que diz respeito aos fazeres e às práticas
alfabetizadoras, principalmente em relação ao objeto específico da escrita, do
domínio dos códigos e da dinâmica de codificação e decodificação;
2- a
dimensão política e social, que diz respeito à consciência de classe, do
sentido de luta e pertencimento a uma categoria. É nessa dimensão que devemos
nos compreender como seres coletivos. Isso nos faz procurar os princípios e não
apenas os instrumentos. A presente dimensão nos leva ao diálogo e a conhecer as
experiências existenciais e as questões da vida das crianças das classes
populares; por fim,
3- a
dimensão teórico-epistemológica, que diz respeito ao campo das ideias e das
teorias com as quais dialogamos ou procuramos dialogar a partir das questões
presentes em nosso cotidiano.
Entendemos
que essa pluridimensionalidade não é simplesmente um universo de dimensões
sobrepostas, mas zonas de contato e contágio que permite operar nas faixas de
criação a partir das dimensões políticas, epistemológicas e técnicas. Com isso,
defendemos a importância da greve como momento de formação coletiva que se faz
formação continuada para além da dimensão política, pois configura um momento
de interlocução intergeracional, entre novos professores(as) e antigos(as),
numa troca não somente de conteúdos específicos, contidos nas pautas
reivindicatórias, mas, fundamentalmente,
numa construção dialógica de temáticas que estão presentes nos
cotidianos escolares.
Tais
trocas, possibilitam a elaboração de um conjunto de “respostas” viáveis aos
dilemas políticos e administrativos que emperram os fluxos das suas práticas
pedagógicas nas escolas onde estão lotados.
Ou seja, a greve é um momento
muito importante não somente de luta política histórica, por uma digna
remuneração, o que impacta diretamente na melhoria dos processos de ensino e
aprendizagens, mas é, também, a construção de um espaço coletivo de formação
pluridimensional dos professores/as da Rede. Portanto, é salutar para a
formação dos professores e para a própria Rede Municipal de Ensino que os
professores decidam com autonomia e no tempo do esgotamento natural dos
debates, pelo fim, ou não, dos seus
processos de greve.
Acesse a edição original de publicação do artigo:
Nenhum comentário:
Postar um comentário